Pular para o conteúdo principal

A Galáxia do Sombrero e meu progresso em astrofotografia

Continuo com o mesmo equipamento de 2014. Minha situação financeira não permite um investimento em equipamentos superiores aos que tenho desde então, tendo em vista que uma montagem motorizada HEQ5 ou uma EQ6 seriam alguns mil. Sem falar em um upgrade em questão de câmera, para uma CCD monocromática com filtros, mas acho a questão de montagem um fator natural na evolução de equipamento, já que ela é que vai ser responsável pelo trabalho pesado, literalmente, de aguentar os equipamentos e ainda ser capaz de rastrear o céu por um tempo razoável sem que o erro periódico prejudique.

Mas, mesmo com meu equipamento completando 5 anos, uma Canon T3 ainda sem modificação (troca do filtro), minha montagem EQ3-2 e meu refrator de 80mm de diâmetro me proporcionam muita alegria, e mesmo que aconteça um eventual upgrade, não desejo aposentar nenhum deles (a não ser que aconteça uma venda).

Neste post em específico quero, além de postar uma nova astrofoto, quero fazer um registro de um progresso na astrofotografia amadora. Há pouco mais de 4 anos, assim que comecei a fazer meus primeiros registros, era muita euforia na hora de montar o equipamento. Eu só queria registrar e registrar, galáxias, nebulosas, aglomerados... Qualquer foto que via na internet de objetos incríveis, queria tentar fazer a minha foto.

Mas, com essa euforia toda, não me atentava a muitos fatores essenciais para que uma astrofotografia seja feita. Claro, ainda não sou nenhum expert, mas eu aprendi um pouco com meus erros e frustrações com Gigas e gigabytes de arquivos que não foram tão uteis assim, muito por conta de um erro crucial: O alinhamento.

Balancear bem o telescópio, dedicar um tempo a mais no alinhamento estelar nunca foram muito a minha ideia de uma noite sob as estrelas, eu queria era fotografar. Um erro que não me rendia mais do que 20s sem que as estrelas começassem a deixar rastro nas imagens. Encontrar o foco ideal também passava batido algumas vezes, e só depois de vários frames é que eu notava o erro, ou até mesmo no processamento no DeepSkyStacker, com mais de 100 frames, todos sem foco. 

Agora, um pouco mais calejado, depois de perder muito tempo com processamentos impossíveis (fora de foco ou cheio de rastros), sempre dedico um bom tempo para me assegurar que terrei meus segundos de exposição aumentados, pelo menos até onde minha montagem me permita - ainda não utilizo o autoguide como o PHP2, estou sem uma câmera reserva - e um bom balaneamento, para que minha montagem não tenha problemas em forçar apenas um eixo ou forçar em uma lado desigual ao outro, o que influencia no erro periódico dela.

Dito tudo isto, deixo aqui os registros feitos nos últimos dias da Galáxia do Sombrero, meu objeto favorito no espaço. Deixo também uma comparação da primeira vez que a registrei, para uma comparação rápida.
M104 100x20s - ISO 3200 
 A imagem acima foi meu registro final da M104, com 100 frames de 20 segundos, feita no dia 01/05/2019. Utilizei o DeepSkyStacker para processamento em Drizzle 3x, o que permitiu que a imagem abaixo fosse possível (um zoom, melhor dizendo). 
M104 ampliada
 Por último, deixo meu primeiro registro da M 104, que também foi minha primeira experiencia com galáxias. Gosto tanto da galáxia do Sombrero que ela foi minha primeira galáxia alvo. Achei um bom progresso na astrofotografia, já que estou me familiarizando melhor com os termos, com as técnicas e com o processamento. Isto me da cada vez mais vontade de continuar com meus registros.
Meu primeiro registro da M104, ainda em 2015 [post da época].



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cruzeiro do Sul e a Nebulosa Escura do Saco de Carvão

Clique na imagem para ampliar. Para uma resolução ainda maior, considere visualizar pelo Astrobin [ aqui ] Esta imagem acima é uma integração de aproximadamente 40 frames de 20", tirados no dia 30/04/2019, sob um céu parcialmente nublado e instável. A constelação do Cruzeiro do Sul chama atenção nos céus do hemisfério Sul por sua importância histórica nos tempo de explorações, além de conter na "base" da cruz ("próxima" a estrela alpha da constelação - Gacrux) a Nebulosa do Saco de Carvão.   Um dos objetos mais proeminentes de seu tipo, visível a olho nu. Milhões de anos a partir de agora, pedaços da Nebulosa Saco de Carvão irão acender, como o seu homônimo de combustível fóssil, com o brilho de muitas estrelas jovens. A Nebulosa de Carvão está localizada a cerca de 600 anos-luz de distância, na constelação de Crux - O Cruzeiro do Sul. Este enorme objeto obscuro forma uma silhueta conspícua contra a brilhante faixa estrelada da Via Láctea e, por

Modificacao na DSLR para astrofotografia

Bom, apos algumas noites de astrofotografia, aprendendo a alinhar melhor a montagem, aprimorarando o foco nas estrelas usando a Máscara de Hartmann e tambem conhecendo melhor o Deep SkyStacker, fui acumulando registros e ganhando um certo conhecimento em toda essa 'brincadeira'. Alguns registros sem todas aquelas cores, como as que via em muitas imagens de alguns astrofotografos mais conhecidos, aquelas imagens, como por exemplo, da Eta Carinae, toda avermelhada, com varias estrelas, dando uma otima imagem.  Acontece que, muitas dessas imagens sao feitas com equipamentos fotograficos especificos para tal. As CCD's (charge-coupled device) sao excelentes para isto, porem sao muito caras, principalmente aqui no Brasil. Sendo estas cameras de um custo elevado, a solucao pra mim foram as DSLR's, o que acaba sendo normal quem esta comecando nao investir tanto assim, e ainda aproveitar a camera com outros tipos de fotografia.  Como falei antes, minha camera e a Canon EOS

M83 (Cata-Vento do Sul) - Finalmente uma espiral

(Clique para ampliar) Imagem registrada usando aproximadamente 200 frames, 20 darks e 20 flats. Em junho de 2016, a ideia inicial no momento em que decidi montar meus equipamentos foi registrar os aglomerados de galáxias de Virgem, Virgo Cluster. Mas, como estava com dificuldades para identificar as galáxias nos frames únicos (que descobri mais tarde que não haviam nenhuma galáxia visivel nos meus frames), decidi trocar para um 'alvo' com luminosidade aparente melhor, a M83, popularmente conhecida como Galáxia Catavento do Sul . Logo no primeiro frame já foi possível identifica-la. Então, algumas correções foram feitas para ajustar o posicionamento no enquadramento do frame e os registros foram feitos.  Minha montagem é uma EQ-3. Por conta disso, os erros periódicos acontecem em longas exposições (acima de 45s, dependendo da qualidade do alinhamento), então, os frames tiveram de ser de 25 e 30s de exposição. Também fiz alguns darks frames para evitar um certo