Por Ramon Carlos
Originalmente postada na Acervo Crítico
A primeira imagem de um buraco negro, feita pelo Event Horizon Telescope, foi feita utilizando ondas de rádio (comprimento de onda de 1.3 mm), de forma que fosse possível que a luz passasse do disco de acreção e matéria interestelar e pudesse ser 'vista' pelos telescópios, além de poder mostrar características do horizonte de eventos. É um buraco negro muito ativo, se alimentando de matéria da sua "parte clara", além desses 'jatos' de plasma, causados por intensos campos magnéticos, medindo até 5.000 anos-luz.
Um fato muito interessante nesses 'jatos', é que eles estão 'acima' e 'abaixo', mas só podemos 'ver' um, que parece estar vindo em nossa direção. Isso acontece por conta de uma coisa chamada "irradiação relativística", um processo no qual os efeitos relativísticos modificam a luminosidade aparente da fonte, quando se move a velocidades próximas a da luz. Por conta disso, a luz se torna mais forte quando vem de encontro ao observador, e escura quando se afasta dele.
O buraco negro está à 53 milhões de anos luz. Isto explica porque a imagem parece embaçada. Estimativa de que tenha 3.5 bilhões de vezes a massa do nosso Sol. O centro "escuro" tem quase o tamanho do nosso sistema solar.
Comparação com os tamnhos do Sol, Plutão e da localização da Voyager 1, nos limites do nosso sistema solar |
Nossa visão dele é de apenas 40 micro arco-segundos (o angulo que faz no céu, que é medido em graus, minutos, segundos e daí em diante - Jupter por exemplo tem entre 50,1 e 29,8 arco-segundos), praticamente no limite tecnológico atual (não atoa, os cientistas utilizaram a melhor tecnologia disponível). E as coisas ficam ainda mais interessantes...
Devido ao limite de difração (seria como um limite de um sistema ótico), seria necessário um telescópio do tamanho da terra para conseguir uma resolução aceitável. Por razões obvias, um empreendimento desses seria impossível. Então, os cientistas utilizaram 8 telescópios distribuídos ao redor do globo (sim, a terra é esférica). A medida em que a terra girava, ajudava a "simular" o telescópio gigante que precisariam...
Assim, a teoria da relatividade geral, de Einstein, publicada quase um século atrás foi novamente comprovada, espetacularmente.
A ciência é linda, meus amigos!
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